COSMOVISÃO CRISTÃ E ECOLOGIA: UM DIÁLOGO NECESSÁRIO PARA A COMPREENSÃO DA CRISE AMBIENTAL
Resumo
A crise ambiental ultrapassa os limites da ciência ecológica, pois ela pode ser entendida como uma crise de civilização com aspectos políticos, sociais e econômicos. A sua compreensão requer um olhar contextualizado, holístico e integral sobre a sociedade humana e a Criação. Dessa forma, uma visão distorcida e dualista do entendimento da estrutura criacional e de sua extensão pode comprometer a visão interdisciplinar e profunda (aspectos éticos e morais) dos problemas ambientais que afetam a sociedade pós-moderna. Sendo assim, é diante deste contexto que este artigo se insere, tendo como objetivo principal, verificar a contribuição de uma cosmovisão bíblica reformada e da ciência ecológica profunda na compreensão dos problemas ambientais e na promoção da sustentabilidade ambiental. Para a realização da pesquisa, inicialmente foi feito um levantamento bibliográfico a respeito da temática em questão: ecologia e cosmovisão cristã. Posteriormente, foram desvelados alguns pressupostos do humanismo confessional que possibilitaram a revolução técno-científica e o surgimento de uma ciência experimental e cartesiana. Em seguida, foram verificadas as categorias teológicas: Criação, Queda e Redenção, basilares no pensamento cristão reformado neocalvinista e os pressupostos da Ecologia Profunda para se chegar a uma compreensão integral e holística da crise ambiental e de seus desdobramentos na sociedade pós-moderna. A pesquisa revela que uma visão distorcida\dualista do pensamento cristão ao longo da Idade Média fundamentada em Platão e Aristóteles comprometeu o envolvimento dos cristãos pela causa ambiental e o seu real entendimento. A ciência moderna experimental com seus pressupostos racionais e desenvolvimentista contribui diretamente para degradação ambiental e a separação (dicotomia) homem e natureza. O resgaste de uma cosmovisão bíblica reformada, com base na escola de pensamento neocalvinista e o surgimento da ecologia profunda, contribuem para o debate ecológico contextualizado e holístico, além do engajamento da comunidade cristã e sociedade em geral no enfrentamento da crise ambiental e promoção da sustentabilidade ambiental. O diálogo salutar entre fé (teologia pública) e ciência (ecologia profunda) estabelece bases espistemológicas para a busca de uma sociedade economicamente viável, socialmente justa e ecologicamente sustentável.